sexta-feira, 2 de outubro de 2015

          Câncer de Mama e Aspectos Psicossomáticos
                        Maria Elisabeth Toth Renda
                                CRP 06/12002

           A palavra Psicossomática vem do gr. e quer dizer psique + soma. Psique é a alma, o mundo interior, o mental e o emocional e Soma é o corpo físico. Somatização é o aparecimento no corpo de doenças. Todas as doenças têm um componente psicossomático, desde a gastrite, a síndrome do pânico, a depressão, os estados de ansiedade, até o câncer, o diabetes e a hipertensão. “Como se a dor do corpo não tivesse a ver com a dor da alma.” Somatizar quer dizer que o corpo está mostrando um sofrimento emocional. Ou seja, O SEU CORPO ESTÁ PEDINDO A SUA ATENÇÃO. Quando você fica doente, você para com tudo e vai se cuidar.
           Câncer é uma palavra que vem do latim e significa modificação degenerativa cuja característica é o crescimento desordenado e autônomo de células do organismo humano.
           A mente é a dirigente de tudo e nos identificamos com o que pensamos. Nossos valores e o que acreditamos foi aprendido na infância, fomos influenciados pelas ideias, valores e comportamentos de quem nos criavam e de quem éramos dependentes, portanto a aprendizagem foi feita via afeto, ou pior, pelo medo de perder o afeto, que na infância significa medo de aniquilamento.
           Nossa educação não incluiu uma alfabetização emocional, um conhecimento sobre os próprios sentimentos, pois sempre fomos educados para ser bons para fora, para viver em sociedade.
           NORMOPATIA é quando uma pessoa tenta manter-se rigidamente pelas normas estabelecidas. Além de uma simples contenção dos impulsos para parecer simpática ou nobre, a repressão exagerada dos impulsos vitais significa uma vida não vivida e a pessoa muitas vezes não tem consciência nem da repressão, nem das tentativas que seu corpo faz para se libertar, até que o "dique" é rompido pela materialização do que foi ou é sentido como martírio.
         Do ponto de vista simbólico o câncer é desenvolvido, na maior parte dos casos clínicos pesquisados, em pessoas com dificuldades de expressar seus sentimentos em situações de afirmação de suas necessidades. O que acontece a nível interior é um esgotamento nas células ao invés de se esgotarem na consciência.
         O instinto de afirmação é sustentado pelo impulso da agressividade. Que em sua mais pura manifestação é o estabelecimento de limites. Mas só coloca limites quem os tem. Se alguém não pode ter consciência de que está com raiva, pois aprendeu que é uma emoção que só bandido tem, que é uma emoção desqualificadora, que gente de bem não sente isso, então a energia da emoção permanece sem representação na consciência. Mas ela não desaparece.
           Se a raiva é considerada uma emoção de segunda categoria, a mágoa é aceita e valorizada em nossa cultura. No entanto mágoa é raiva, raiva de gente bem educada. E o ressentimento, a reminiscência, a ruminação e o rancor não encontram saída. O orgulho e a vaidade seguram tudo.
           Muitos autores têm assinalado que os pacientes com câncer têm dificuldade em expressar suas emoções, principalmente àquelas agressivas e hostis. Grande parte desses pacientes chega mesmo a desconhecer essas emoções. São pessoas que não têm acesso a seu mundo interno, não identificam sentimentos e emoções e, como consequência não conseguem também nomeá-los.
           Este fenômeno tem o nome de ALEXITIMIA, expressão vinda do grego (A = sem; Lexis = palavra; Thymos =coração, afetividade).
           Muitos pacientes com câncer, quando perguntados a respeito do que sentem, usam o nome de outro sentimento que não aquele que é sinalizado em sua linguagem corporal, que aliada ao desencadeante da situação, mostra ser o sentimento verdadeiro.
           No caso do câncer de mama, através da observação clínica foi observado um padrão de comportamento em todas as pacientes com câncer de mama atendidas na clínica: supressão das emoções, principalmente da raiva; amabilidade excessiva (mesmo contrariada); comportamento forçosamente harmonioso; paciência desmedida ou dissimulada; rígido controle da expressão emocional. Têm necessidade de ajudar, se sacrificam para atender as necessidades dos outros, principalmente da família. Nem perguntam se precisam e do que precisam e têm solução para tudo. Mesmo sem serem solicitadas. Sentem desapontamento e mágoa quando não tem reconhecimento do auxílio prestado. Não se queixam, mas suspiram. Negação e repressão são mecanismos de defesa do EGO, e a sede do ego é na mente. Você não é o que você pensa você é o que percebe e o que sente. Se os sentimentos e as emoções estão reprimidos na consciência a energia represada só pode se manifestar no corpo, que adoece.
          
REFERÊNCIAS:

GASPARETTO & VALCAPELLI  Metafísica da Saúde ..Vol.2 Sistemas Circulatório , Urinário e Reprodutor Editora Vida & Consciência, São Paulo, 2002

         GAUDÊNCIO, Paulo e colaboradores. A Morada da Moral- A questão da Moral na Psicologia. MG editores associados, São Paulo, 1982.

SILVA, Gisele Andrade. A expressão da raiva na análise bioenergética. In: Monografia do Curso de Especialização em Psicoterapia Corporal, Centro Reichiano de Psicoterapia Corporal. Curitiba, 2009. Acesso em 28/09/2015

VILAS BOAS, Maria das Graças. Câncer de mama x padrão de comportamento. In: ENCONTRO PARANAENSE, CONGRESSO BRASILEIRO, CONVENÇÃO BRASIL/LATINO-AMÉRICA, XIII, VIII, II, 2008. Anais. Curitiba: Centro Reichiano, 2008. CD-ROM. [ISBN – 978-85-87691-13-2]. Disponível em: www.centroreichiano.com.br. Acesso em: __11__/__10__/_2014___.

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